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Confiantes

Imagem“Nem sempre a razão conhece o caminho correto para a ação. Há momentos em que só saberemos como agir, após termos dado um primeiro passo em direção ao desconhecido. Quando percebemos que a nossa Alma, de algum lugar mais abrangente, consegue ver o mapa do território da nossa vida, deixamos de lado os excessos de intelectualização e a necessidade de estar sempre no controle; desse modo, nos sentimos mais confiantes e seguros para seguir adiante. Os espíritos pioneiros sabem o verdadeiro valor de tomar atitudes arrojadas.”

(Publicado na página de Liza Rey)

2011: o bom velhinho

Dezembro vai avançando e parece que o ano vai ficando bem velhinho. A mulher na loja errou a data do cheque pensando já ser 2012. Mas quer saber? Adoro os velhinhos! Eles estão lá, cheios de histórias pra nos contar, no outono da idade. Sabem como ninguém do que passou e estão ansiosos pelo recomeço. Pensei em escrever um post poético sobre a virada, sobre os novos dias, mas nada é mais legítimo do que eu sinto agora: adoro natais, adoro família reunida, adoro comprar presentes ou fazê-los. Adoro os bons velhinhos, por isso, acredito que Papai Noel, assim como a minha Mamãe Noel e amigos Noeis nunca deixarão de existir. Feliz Natal!

Viagens interiores são sempre curiosas. Você arruma bem sua bagagem antes de começar, coloca todos os itens indispensáveis, deixa tudo separadinho e organizado. Mas ao passar pelo detector de sentimentos, um apito. Pronto, a viagem já começou ali. É preciso abrir a mala, tirar tudo da ordem conhecida, revirar os bolsos. De repente, o que estava pesando, escondido, ameaçando atrapalhar a jornada é descoberto. Ufa! Agora é só deixar pra trás e seguir em frente. Só?!? E saber que tudo isso que vivemos vai sendo gravado em nossas células, em cada sístole e diástole, nos movimentos peristálticos, em cada deglutição. Mas há algo muito bonito a ser dito. Novas células são geradas de maneira contínua em nosso organismo para substituir as células que já morreram. “O fantástico trabalho de manutenção e reparo de todo o nosso organismo se processa continuamente, estejamos acordados ou adormecidos. O nosso consciente é totalmente alheio a esse fantástico trabalho do inconsciente. Mas o fato é que, a cada instante, incontável número de células constituidoras do organismo acorrem para o local que foram designadas, como operários que se dirigem ao local da obra.” Assim, por mais que os anos se passem e nossa estrutura corporal envelheça, a cada dia acordamos regenerados, com novas células. “A cada dia renascemos, a cada manhã o mundo se renova.” Por isso, novas chances sempre nos são dadas – mas para isso é preciso encarar o encontro consigo mesmo.

Escrever num teclado sem acento eh fazer um arquivo para as ideias nao escaparem. Certas coisas nos tiram o sono, mas sao realmente as coisas que acontecem? Somos frutos de estados, de sensacoes, de estranhos sentimentos. E algo maior nos diz que nao deve ser assim, pois as coisas, sentimentos, acoes, erros e acertos, tudo passa. Se tudo passa, questoes se dissolvem e a vida flui, por vezes nao entendo porque o sono nao chega. Estar bem acordado parece ser uma exigencia da mente, nao porque ela tenha algo a pensar e remoer, mas porque, para certas pessoas, a vida tenha mesmo uma densidade maior. Isso nao eh bom nem ruim, apenas eh assim. Entao tudo o que acontece tem mesmo um peso maior, pois eh sentido ateh a sua extremidade, absorvido plenamente. Mesmo quando nao digerido. Aprender a cuidar da densidade parece ser a tarefa de cada dia, independente se ele comeca as sete da manha ou a uma. Ou duas. Uma pessoa que eu conheco acorda e fica pensando na vida. Relembra tudo o que ja passou. Meu oraculo atual diz que vive mergulhado em seu interior o tempo inteiro. Faxina das ideias. Das ideias? Hora de tomar uma xicara de cha e botar um pijama. O sono, que estava perdido, e atraido pelo cheirinho de lavanda. Bons sonhos e um suave despertar!

ADADA

NATAL UM

Adoro Natal! Sou um ser divisível por doze que sempre comemorou cada final de ano desde muito pequena. Amava a arrumação do presépio, que cada ano minha mãe fazia de um jeito diferente, os sinos e bolas que se quebravam a cada montagem, os bichinhos numerosos!

Minha mãe, hoje, me disse que eu vivia a contar as árvores pela cidade, sabia contar em que eram iguais e diferentes umas das outras, qual a que eu mais gostava. E quando via alguma nova, mesmo de longe, dizia “Vamos lá, mamãe, vamos lá pra gente ver!”

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A primeira árvore de natal que o nosso menininho viu foi na casa de amigos. Os olhos brilharam, atentos ao piscar das luzinhas coloridas e bichinhos variados. Depois, na casa da avó, o sorriso largo, os bracinhos abertos e sua mais nova experimentação vocal quando quer alguma coisa: ADADA.

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“ADADA” para os natais com suas luzes e cores, sem exageros e superficialidades. ADADA para as reuniões verdadeiras, tradicionais ou não, mas sempre com uma intenção amorosa. ADADA para os presentes trocados no amor, nos beijos e abraços afetuosos.

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UM MENININHO NASCEU. OS MENININHOS ESTÃO SEMPRE NASCENDO.

Num cesto de palha ou num hospital, cercado de animais ou de pessoas, com amigos guiados por uma estrela ou pelo coração.

Quando penso em Natal, esse ano, não consigo dissociar do nascimento também do nosso menino luz e em tudo o que estamos aprendendo sobre ele, sobre o mundo, sobre nós mesmos…

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A menina que contava árvores de natal pela cidade acabou de acordar. Sou um ser divisível por doze e multiplicável  pelo infinito.

Soneca das Onze

Quando o pequeno era ainda mais pequetito, tinha uma rotina bem marcada. Mamada, colocar pra arrotar, sono até quase a próxima mamada. Os recém-nascidos são assim, geralmente, chegam a dormir até 20 horas por dia como eu li em algum lugar. Mas agora, no auge dos seus quatro meses de existência, o fufuquinho já passa longos períodos do dia acordado, brincando. E graças ao bom Deus, tem dormido a noite inteira. (Dorme às 18:30, é acordado pra mamada das 23 e daí, só acorda as sete do dia seguinte). Passei aqui hoje pra contar da mamada das onze da manhã. Geralmente, depois de ter brincado boa parte da manhã, de ter dormido uns 40 minutinhos em torno das 10, chega a hora do “almoço”. Invariavelmente, ele dá uma dormida durante essa mamada. Então eu ajeito ele no colo e ele dorme uns 20 minutinhos. Dorme todo aconchegado, com suspiros leves, mãozinha no ombro da mamãe. Dorme tão gostoso que não tenho coragem de acordar, colocar no berço, fazer o que os livros e os pediatras mandam. Aqui em casa, a teoria é outra. Sem terrorismo. Aproveito esse tempinho pra não pensar em nada, pra sentir somente a respiração levinha dele, os braços gordinhos em torno do pescoço, a cabeça no meu peito. Então ele acorda feliz, sorridente, descansado pra encarar uma tarde de brincadeiras. É assim o nosso dia. Amo muito tudo isso.

No auge dos seus quatro meses, pequetito balança os braços e pernas, vira pro lado ainda sem girar completamente, acorda no meio do berço, enfim, faz suas peripécias. A conselho da pediatra e da minha doula, chegou a hora de colocá-lo mais tempo no chão. Nada de cama, de carrinho, de berço. As avós protestaram “Mas aquele chão duro!” A literatura especializada embasou a escolha: o chão é o melhor espaço para o pequeno ganhar consciência corporal e se desenvolver nessa fase. Primeiro, deixei-o sozinho e ele chorou. Tentamos mais tarde, então, com brinquedinhos, e ele ficou mais tempo… olhando… olhando… rindo… se remexendo. Fui também pro chão com ele e experimentei me deitar ao seu lado e olhar as coisas de outros ângulos. Gozado. A gente passa tanto tempo em pé, sentado, deitado em uma cama que nos afastamos do chão. Quem tem um pequetito em suas vidas sabe do que estou falando, provavelmente já fez o mesmo que eu várias vezes. E no chão, (susto!) tudo parece enorme! O teto, lá no alto, parece ainda mais inatingível! Os móveis, verdadeiros edifícios! Mas olha que eu nunca havia reparado na rodinha da cadeira do computador? E que engraçado o carrinho visto de baixo! Parece um triângulo retângulo! A cama, de lado, pode ser uma trave de futebol. A porta de uma garagem… escura, ui! O que guardamos debaixo de nossas camas?  De repente, dá uma vontade enorme de explorar… e aí entendo, de relance, um pouco da curiosidade dos toddlers (como são chamadas as crianças de 12 a 18 meses – os pequenos exploradores). Dizem que eles não param. Mas como parar? Existe um mundo de possibilidades! A vida é mesmo uma delícia ambulante, um mundo sensorial a ser descoberto. Para todos nós também não deveria ser assim? Pensando em tudo isso, deixo para você um convite hoje: experimente sair um pouco do automático e deite-se no chão. Por um instante, perceba o peso do seu corpo no solo, pés, mãos, costas, nádegas. Explore também, sem pressa, sentindo o ar entrando e saindo, lentamente…. Afinal, nós já conquistamos algo mais que o andar, mais do que a capacidade de explorar um quarto… uma sala… Sempre há tempo de abrir as portas de casa e ganhar o mundo!

Venha cá, meu chuchu!

Ele veio numa excursão do supermercado com muitos amigos: a abobrinha, o pimentão amarelo, os tomates, a batata doce,  os cogumelos Porto Bello. Veio num dia de inspiração em que a mestre cuca pensou “Por que eu nunca comprei chuchu na vida?” O chuchu veio, então, todo feliz pra nossa geladeira, crente que seria astro de um almoço magnífico. Um único chuchu. Mas quem disse que meu deu um pingo de vontade de cozinhar aquela coisa sem graça? A fila foi andando: torta de espinafre, pizza de abobrinha, farfaille com cogumelos e o coitado só na dele, sobrando que nem o amigo jiló. Passou uma compra, duas, três, chegaram mais abobrinhas, brócolis e morangas. Chegaram quiabos e couves, sempre em molhos, sempre em bandos e bandejas. E o chuchu lá, firme e forte no fundo do gavetão. Hoje eu abri a geladeira pra fazer uma cenourinha grelhada com uns temperinhos diferentes. Eis que dou de cara com o nosso amigo. O que me impressionou é a perseverança do bichinho. Não amarelou, não endureceu, não amoleceu, não mofou, enfim, não desmilinguiu como  qualquer outro pobre legume abandonado teria feito. Um tomate teria apodrecido, uma cenoura teria brotado, uma folha teria murchado. Mas ele não! Continuou lá, verdinho e apresentável! Diante de tanta atitude e determinação, tratei logo de incluí-lo no refogado de cenourinhas, com pimentão e abobrinha. Cortei em um formato diferente, mais compridinho e não deixei cozinhar demais, pois adoro sentir a textura dos alimentos. O chuchu foi então o acompanhamento perfeito de um peixe gostosinho e purê de morangas. E ai de quem falar mal do chuchu daqui por diante! Assim como a pomba é o símbolo da paz, pra mim, agora, o chuchu é sinônimo de esperança.

Hoje foi dia de inventar moda. Fiz um brinquedo para o meu pequeno. Coisa muito simples, mas que foi um sucesso! Fiz anéis de tiras de cartolina azul e vermelha e fui colocando uma dentro da outra. Depois amarrei uma fita de cetim bem comprida na ponta. A “arte” virou móbile, virou colar da mamãe, virou a atração da tarde. Depois, enchi dois potinhos que ele ganhou: um com macarrão, outro com arroz (obviamente, crus). Pronto, instrumentos de percussão para o CD Cantar o Mundo. E a tarde foi passando leve, colorida, musical, com um bebezinho de ótimo humor, curioso e sorridente explorando a vida.

Tato, teto, tutto

Hoje foi dia de brincadeira a tarde inteira. No colchão, espalhados, mamãe e bebê. A meio palmo do chão, cheio de brinquedos fofos e com leves chocalhos. O elefantinho do Breno, a bolinha da Shê, o mordedor da Patrícia. O bebê cantor se encanta com os barulhinhos, AGU, AGU, AGU. Esfrego de leve a bolinha nas mãos. Ele ri e se sacode todo. Quer de novo. Dessa vez, os sininhos do elefante deixam os olhinhos atentos até que, opa! Ele pegou o mordedor! Delícia essas coisinhas que acontecem pela primeira vez, as pequenas descobertas, as texturas, os sons. O pequeno se divertiu com a brincadeira e passou a agarrar tudo. A mamadeira, a minha mão, a toalha de banho. Coisas felpudas e ásperas e lisinhas. O que pegar era o que menos importava. A brincadeira é, em si, tudo de bom.