Ele veio numa excursão do supermercado com muitos amigos: a abobrinha, o pimentão amarelo, os tomates, a batata doce, os cogumelos Porto Bello. Veio num dia de inspiração em que a mestre cuca pensou “Por que eu nunca comprei chuchu na vida?” O chuchu veio, então, todo feliz pra nossa geladeira, crente que seria astro de um almoço magnífico. Um único chuchu. Mas quem disse que meu deu um pingo de vontade de cozinhar aquela coisa sem graça? A fila foi andando: torta de espinafre, pizza de abobrinha, farfaille com cogumelos e o coitado só na dele, sobrando que nem o amigo jiló. Passou uma compra, duas, três, chegaram mais abobrinhas, brócolis e morangas. Chegaram quiabos e couves, sempre em molhos, sempre em bandos e bandejas. E o chuchu lá, firme e forte no fundo do gavetão. Hoje eu abri a geladeira pra fazer uma cenourinha grelhada com uns temperinhos diferentes. Eis que dou de cara com o nosso amigo. O que me impressionou é a perseverança do bichinho. Não amarelou, não endureceu, não amoleceu, não mofou, enfim, não desmilinguiu como qualquer outro pobre legume abandonado teria feito. Um tomate teria apodrecido, uma cenoura teria brotado, uma folha teria murchado. Mas ele não! Continuou lá, verdinho e apresentável! Diante de tanta atitude e determinação, tratei logo de incluí-lo no refogado de cenourinhas, com pimentão e abobrinha. Cortei em um formato diferente, mais compridinho e não deixei cozinhar demais, pois adoro sentir a textura dos alimentos. O chuchu foi então o acompanhamento perfeito de um peixe gostosinho e purê de morangas. E ai de quem falar mal do chuchu daqui por diante! Assim como a pomba é o símbolo da paz, pra mim, agora, o chuchu é sinônimo de esperança.
O mais engraçado é que eu, como o portador do chuchu, tinha bem idéia da idade do danado na geladeira (já estava por fazer aniversário). E ontem, enquando guardava a terceira compra, notei a presença impassível dele no fundo da gaveta, e pensei exatamente a mesma coisa: “será que os chuchus são à prova de apodrecimento?”. Talvez ele merecesse maior atenção dos cientistas, esse pobre legume renegado. He, he!
Adoro a forma como você transforma algo tão corriqueiro em um texto tão divertido e delicioso (como o chuchu).
Beijos, Lim
Vou consultar São Google para ver se descubro outras receitas com o dito.. inclusive o famoso PICOLÉ DE CHUCHU.
Ah, aqui em casa chuchu é o que não falta… o preferido do Christian, tanto que virou uma das primeiras palavras… e olha que fomos fazer nossa compra na lojinha de orgânicos, selecionamos os legumes, o tal chuchu incluso. Na hora de sair, estávamos a pé e a moça da loja entrega em casa. òtimo. Menos peso, pensei eu. O menino tanto fez e insistiu com o tal do chuchu que tive que sair justamente com um sacolinha carregando o dito cujo, pra ele ter certeza de que o levaríamos para casa. Com um fatiador bem fininho, fica uma coisinha fofa. Alguns tem um desenho que lembra uma flor, então dá pra montar uma mandala de florzinhas de chuchu… assado jundo com outros legumes, uma baroa, cenoura, coisa e tal… hummm
Meu sonho é encontrar um fatiador assim, bem fininho pra brincar na cozinha. E um que corte cenoura em fios também. Você conhece onde vende?
eu sou um ser do mal…já fiz muitos chuchus apodrecerem na minha geladeira….afff